O século 21 trouxe diversas transformações e avanços para o marketing — mas também novos desafios e armadilhas. Entre 2000 e 2022, o número de usuários da internet aumentou 18 vezes, oferecendo às marcas um novo canal para alcançar um público global. A publicidade online passou a ser uma forma poderosa de ampliar a visibilidade de marcas menores. Já a análise de dados permitiu segmentar o público com mais precisão e melhorar a experiência do cliente.
Foi nesse cenário que surgiu uma nova tática de marketing envolvendo criadores de conteúdo: as campanhas com influenciadores. Neste artigo, mostramos os 10 tipos mais populares para você escolher o que mais combina com a sua marca.
1. Publicações patrocinadas
As parcerias pagas são o tipo mais comum de campanha com influenciadores. Normalmente, o criador promove ou menciona produtos ou serviços de uma marca em seus conteúdos e recebe por isso.
A grande vantagem é que esse formato funciona para marcas de qualquer tamanho ou setor. Basta encontrar influenciadores que combinem com o seu público-alvo e estejam dentro do seu orçamento.
O conteúdo patrocinado permite que a marca fale diretamente com nichos específicos, por meio de criadores que já têm a confiança daquele público. Além disso, traz uma nova perspectiva para a estratégia de conteúdo da empresa.
Mas atenção: com o crescimento do marketing de influência, muitas marcas erraram ao contratar influenciadores que aceitavam divulgar qualquer produto apenas pelo pagamento. Por isso, hoje em dia, muitos seguidores desconfiam de conteúdos patrocinados. Escolha influenciadores que tenham afinidade com os valores da sua marca e que priorizem relações de longo prazo com seus seguidores — não apenas o lucro imediato.
Importante: as publicações patrocinadas precisam ser identificadas como tais nas redes sociais, para garantir transparência e proteger o consumidor de práticas enganosas.
Objetivo: Aumentar o reconhecimento da marca, gerar tráfego para o site, captar leads e divulgar novos produtos.
Duração: Colaboração pontual ou de curto prazo.
Complexidade: Baixa. A marca define a ideia principal da campanha, os textos, hashtags e menções, e o influenciador executa.
Compensação: Geralmente um valor fixo por publicação, mas algumas marcas também oferecem cupons de desconto para os seguidores.
Rastreamento: Use parâmetros UTM nos links ou crie landing pages específicas para monitorar o tráfego gerado pelos posts.
2. Sorteios e concursos (Giveaways)
Sorteios são colaborações em que a marca envia produtos gratuitamente para influenciadores, que os oferecem como prêmios aos seus seguidores — em troca de ações como seguir perfis, curtir publicações, marcar amigos ou compartilhar o conteúdo.
É uma forma divertida de gerar engajamento e entusiasmo em torno do produto. Também pode incentivar a criação de conteúdo pelos próprios usuários (UGC), principalmente quando o uso de hashtags ou menções à marca faz parte das regras.
Prêmios atrativos incentivam a participação, aumentam o número de seguidores e fortalecem a presença digital da marca. Por outro lado, é comum que parte dos novos seguidores deixem de seguir a conta após o fim do sorteio.
Importante: as regras do sorteio devem ser claras e visíveis na postagem do criador. É essencial especificar a duração da campanha e como o vencedor será escolhido — descumprir isso pode gerar bloqueios nas plataformas.
Objetivo: Aumentar o alcance, o engajamento e a base de seguidores, além de reforçar o reconhecimento da marca.
Duração: Colaboração pontual.
Complexidade: Média. É necessário garantir transparência, regras simples e atenção às normas da plataforma e às leis locais. A comunicação com participantes e vencedores deve ser clara.
Compensação: Os influenciadores devem ser remunerados, seja com dinheiro ou produtos — ou com uma combinação dos dois.
Rastreamento: Acompanhe o uso das hashtags e menções da campanha. Monitore também o crescimento de seguidores e as interações com o post.
3. Marketing de afiliados com influenciadores
O marketing de afiliados já era uma estratégia consolidada para aumentar as vendas antes mesmo do marketing de influência ganhar força. Por meio de links personalizados, empresas promoviam seus produtos com a ajuda de parceiros, que recebiam uma comissão por cada venda realizada. Com o crescimento do marketing de influência, muitas marcas passaram a trabalhar com influenciadores como afiliados, aproveitando o alcance deles e o vínculo próximo com seus seguidores para impulsionar conversões.
A ideia é conquistar novos clientes, aumentar as vendas e gerar leads, downloads ou cadastros. Esse modelo também é interessante para influenciadores menores, que ainda não têm um grande número de seguidores, mas podem gerar resultados — e ainda ganhar uma renda extra.
Como não exige pagamento antecipado, o marketing de afiliados é ideal para empresas com orçamentos limitados. Os custos são baixos e os retornos, potencialmente altos — o que o torna atrativo para marcas de todos os portes.
A barreira de entrada é baixa, então qualquer pessoa pode se tornar afiliada. Ainda assim, é essencial escolher influenciadores que entendam do seu nicho. Por outro lado, o sucesso da campanha depende fortemente da performance dos criadores, e rastrear cliques e vendas exige ferramentas específicas.
Objetivo: Gerar conversões, aumentar vendas e captar leads.
Duração: Parcerias contínuas, de longo prazo.
Complexidade: Alta. Construir uma rede de afiliados eficaz leva tempo e exige dedicação. Os resultados não são imediatos.
Compensação: Marcas com orçamento limitado podem optar por comissões por venda. Combinar comissão com um valor fixo pode aumentar o incentivo para o influenciador.
Rastreamento: Use links de afiliado e modelos de atribuição para saber quem gerou cada venda.
4. Envios de produtos (Gifting)
A estratégia de gifting envolve enviar amostras grátis ou produtos para influenciadores cujos seguidores sejam semelhantes ao público-alvo da marca. O objetivo é chamar a atenção do criador, para que ele mencione ou promova o produto espontaneamente em seus canais.
É uma abordagem de baixo custo, já que não exige pagamento antecipado. No entanto, nem todos os influenciadores aceitam produtos como forma de parceria — e mesmo os que aceitam, podem não publicar nada sobre eles.
Por isso, a escolha dos influenciadores é essencial. Dê preferência a quem provavelmente vai gostar do produto e do seu estilo. É importante mostrar que a marca conhece o influenciador, seus gostos e seu conteúdo anterior. O pacote deve ser bem pensado, com detalhes que criem um efeito “uau” e aumentem a chance de divulgação orgânica.
O desafio é que a marca não tem controle sobre o conteúdo publicado. O influenciador pode não postar nada, ou postar algo que não esteja alinhado com a estética ou os valores da empresa. Com nano e microinfluenciadores, o alcance também tende a ser menor.
Quer que sua campanha funcione? Entenda as particularidades do gifting, cuide da entrega dos produtos e encontre formas criativas de incentivar os criadores a falarem sobre sua marca.
Objetivo: Aumentar o reconhecimento da marca, gerar tráfego, construir relacionamento com influenciadores e conquistar novos clientes.
Duração: Longa, pois envolve a criação de vínculo com o influenciador.
Complexidade: Alta. O objetivo é que o influenciador tenha vontade de compartilhar o presente com seu público, sem que você precise pedir.
Compensação: Produtos ou serviços gratuitos. A marca também pode oferecer cupons de desconto ou combinar o envio com um programa de afiliados.
Rastreamento: Use cupons promocionais e links de afiliado para saber quais influenciadores estão gerando resultados. Acompanhe menções à marca e tráfego de referência com ferramentas de análise.
5. Embaixadores de marca
Os embaixadores de marca podem ser celebridades, influenciadores, clientes fiéis ou criadores de conteúdo que já participaram de campanhas anteriores. O papel deles é representar sua marca de forma consistente em várias plataformas — e, às vezes, também em eventos presenciais. Eles realmente acreditam na marca, amam seus produtos e os recomendam com base em experiências reais.
Programas de embaixadores envolvem a construção de uma relação de longo prazo com influenciadores. Pessoas com público fiel, credibilidade no seu nicho ou autoridade em determinado tema podem fortalecer a reputação da marca. Eles também participam de lançamentos de produtos e fornecem feedbacks valiosos, ajudando a refinar estratégias e melhorias nos produtos.
Como têm um vínculo próximo com seus seguidores, qualquer polêmica ou crise envolvendo o embaixador pode minar a confiança do público e prejudicar toda a campanha. Outro ponto importante: programas desse tipo exigem investimentos financeiros significativos. E, por fim, a exposição constante de uma mesma pessoa promovendo a marca pode gerar fadiga no público.
Objetivo: Aumentar o reconhecimento, gerar confiança, fortalecer a credibilidade e apoiar a expansão da marca.
Duração: Parcerias contínuas e duradouras entre marcas e influenciadores ou celebridades.
Complexidade: Alta. Requer confiança mútua, envolvimento e dedicação constante. A escolha dos embaixadores deve ser muito cuidadosa para evitar superexposição.
Compensação: Normalmente recebem pagamentos mensais durante um período acordado. Também podem ganhar brindes exclusivos, descontos ou acesso antecipado a lançamentos.
Rastreamento: Monitore o engajamento nos conteúdos dos embaixadores, hashtags e menções à marca. Promo codes e links personalizados ajudam a medir vendas e cliques.
6. Licenciamento de conteúdo (Whitelisting)
Também chamado de “influencer whitelisting” ou “white labeling”, esse modelo combina marketing de influência com mídia paga. Como o alcance orgânico nas redes sociais está caindo ano após ano, as marcas passaram a impulsionar os conteúdos dos influenciadores com anúncios pagos para alcançar públicos mais amplos e qualificados.
No whitelisting, a empresa obtém permissão para usar o conteúdo e o nome do influenciador nas suas campanhas de mídia paga. Isso permite segmentar melhor os anúncios e testar diferentes formatos e mensagens — tudo sem encher o feed do influenciador com posts patrocinados, já que plataformas como Instagram e Facebook permitem a criação de “dark posts” (posts ocultos visíveis apenas para o público-alvo selecionado).
Essa abordagem é poderosa, mas exige confiança total do criador. É essencial que o influenciador se sinta confortável ao ceder o uso de sua imagem e conteúdo. Além disso, a formalização da parceria pode ser demorada, pois envolve cláusulas contratuais detalhadas: tempo de uso, direito de edição, formato de publicação, entre outros. Sem um bom contrato, há risco de disputas legais.
Objetivo: Aumentar o alcance, reforçar o reconhecimento da marca, gerar tráfego e garantir consistência de qualidade nos conteúdos.
Duração: Parceria pontual, geralmente de curta duração.
Complexidade: Média. Apesar de ser uma colaboração transacional, o processo legal e a preparação da campanha demandam tempo e ferramentas adicionais de gestão de anúncios.
Compensação: Pagamento fixo ou modelo híbrido (valor + brindes ou serviços). Criadores que autorizam o uso do nome/imagem geralmente cobram valores mais altos.
Rastreamento: Use ferramentas como o Gerenciador de Anúncios para acompanhar métricas (impressões, cliques, visualizações, conversões). Parâmetros UTM ajudam a rastrear a jornada do cliente com ferramentas como o Google Analytics.
7. Ativações em eventos
As ativações em eventos são ações presenciais realizadas por marcas para engajar o público durante shows, festivais, conferências e outros encontros ao vivo. São ótimas oportunidades para promover produtos e serviços de forma memorável — e contar com influenciadores nesses momentos torna tudo ainda mais impactante.
Os criadores podem gerar expectativa antes do evento com teasers, contagens regressivas e bastidores. Durante o evento, eles fazem cobertura ao vivo, destacando os melhores momentos. Depois, compartilham suas impressões e experiências, reforçando o vínculo com o público.
Se o evento for aberto ao público, como festivais ou conferências, é importante que os influenciadores incluam informações como data, local e links. A marca deve também incentivar o uso de hashtags específicas e menções, facilitando o rastreamento e a mensuração dos resultados.
Objetivo: Aumentar o reconhecimento da marca, gerar buzz, engajar o público, apresentar novidades e reforçar credibilidade.
Duração: Parceria pontual e de curta duração.
Complexidade: Alta. É preciso encontrar criadores alinhados com o público e com disponibilidade no dia do evento. O conteúdo precisa estar em sintonia com a proposta da marca e do evento. Se a ideia for contratar grandes nomes, é necessário investir pesado.
Compensação: Pagamento fixo. Quanto maior o influenciador, maior o investimento.
Rastreamento: Acompanhe o uso de hashtags e menções à marca. Use links com parâmetros UTM para medir cliques e tráfego gerado.
8. Campanhas de conteúdo
As campanhas de conteúdo são focadas em entregar valor por meio de materiais informativos, divertidos ou visualmente atraentes — como vídeos, fotos, infográficos ou tutoriais. Essa abordagem ajuda a atrair e reter a atenção do público, além de posicionar a marca como referência em seu nicho.
Ao integrar influenciadores nesse tipo de campanha, a marca consegue alcançar públicos engajadas em várias plataformas. Os criadores acrescentam autenticidade ao conteúdo ao compartilharem suas experiências pessoais com o produto ou serviço — o que gera prova social.
Aqui, o foco está na qualidade do conteúdo. Por isso, vale a pena trabalhar com influenciadores especialistas ou com forte credibilidade no assunto.
Objetivo: Fortalecer a autoridade da marca, fidelizar o público, reforçar o vínculo com o público e gerar UGC (conteúdo gerado por influenciadores).
Duração: Colaboração pontual ou de curto prazo.
Complexidade: Baixa. Mas é importante garantir que o criador esteja bem alinhado com os valores da marca.
Compensação: Normalmente, pagamento único por peça ou entrega.
Rastreamento: Depende do objetivo da campanha, mas sempre vale monitorar menções, engajamento e tráfego gerado.
9. Campanhas de UGC (Conteúdo Gerado pelo Usuário)
Na essência, marcas que utilizam conteúdo gerado pelo usuário (UGC – user-generated content) aproveitam ao máximo o poder do marketing boca a boca. É comum que consumidores compartilhem suas opiniões após experimentar um produto — e com a popularização da internet e das redes sociais, surgiram ainda mais canais para essas trocas.
Os usuários podem criar diferentes tipos de conteúdo: depoimentos, resenhas, comentários em fóruns, vídeos de unboxing e posts nas redes sociais. Como esse conteúdo vem de pessoas que realmente usam e conhecem o produto, ele tem um forte valor de prova social. Além disso, o UGC costuma ser autêntico, econômico, humaniza a marca e pode viralizar rapidamente.
Marcas podem incentivar esse tipo de conteúdo por meio de desafios, concursos, prêmios, ou oferecendo a oportunidade de fazer parte de uma comunidade.
Apesar de parecer espontâneo, o sucesso de uma campanha de UGC depende de planejamento. É preciso lidar com questões legais (como os direitos de uso das postagens), filtrar conteúdos e moderar comentários negativos — o que pode ser desafiador.
Objetivo: Aumentar o engajamento, reforçar a credibilidade, dar visibilidade à marca e gerar prova social.
Duração: Pode ser pontual (como o desafio #SwitchTheChobaniFlip no TikTok) ou contínua (como a campanha #AsSeenOnMe da ASOS).
Complexidade: Média. É necessário um canal fácil para submissão de conteúdo e recursos para gerenciar o volume recebido. O conteúdo deve estar alinhado com os valores da marca, e é essencial obter permissão para reutilização.
Compensação: Prêmios, brindes ou produtos exclusivos podem ser oferecidos como incentivo.
Rastreamento: Acompanhe o uso da hashtag oficial da campanha, menções à marca, tráfego para redes sociais e site.
10. Takeover de influenciador
O takeover acontece quando um influenciador assume temporariamente o controle do perfil da marca nas redes sociais para publicar diretamente para o público da empresa. Isso permite que o criador traga seu estilo, voz e autenticidade para o canal da marca, criando uma experiência envolvente e diferenciada para os seguidores.
Por exemplo, uma marca de turismo pode convidar um influenciador de viagens para “tomar conta” do Instagram no fim de semana, mostrando experiências em tempo real. Essa tática também permite atrair novos seguidores, já que o influenciador promove o takeover em seus próprios canais — gerando tráfego cruzado.
Além de renovar o conteúdo e humanizar a marca, os takeovers são uma oportunidade para mostrar os valores da empresa sob uma nova perspectiva. No entanto, é fundamental alinhar tom e mensagens para evitar inconsistências.
Objetivo: Aumentar a visibilidade, engajar a base atual e atrair novos públicos com conteúdo autêntico.
Duração: Geralmente dura de um dia até uma semana, dependendo do objetivo.
Complexidade: Moderada. É preciso alinhar o planejamento de conteúdo, acesso às contas e tom da comunicação.
Compensação: Depende do alcance do influenciador e da duração da ação — pode envolver pagamento ou troca por produtos/experiências.
Rastreamento: Acompanhe curtidas, comentários, compartilhamentos, novos seguidores e tráfego gerado durante e após o takeover.
Qual campanha com influenciadores é ideal para sua marca?
Listamos os 10 principais tipos de campanhas com influenciadores, cada um com seus objetivos específicos. Todas têm pontos fortes e desafios que devem ser considerados antes de decidir.
Pense nas suas metas, no orçamento disponível e na sua experiência com influenciadores. Se estiver começando, vale a pena optar por campanhas pontuais e menos complexas. Já quem tem mais bagagem pode investir em parcerias duradouras e ações mais elaboradas.